...

Infliximabe para Retocolite Ulcerativa: Plano de Saúde é Obrigado a Cobrir? Guia Completo

Infliximabe para Retocolite Ulcerativa: Plano de Saúde é Obrigado a Cobrir? Guia Completo

Introdução

A retocolite ulcerativa (RCU), frequentemente chamada de colite ulcerativa, é uma doença inflamatória intestinal crônica que, infelizmente, pode impactar severamente a qualidade de vida dos pacientes.

Essa condição se caracteriza por inflamação e úlceras no revestimento do intestino grosso (cólon e reto); como resultado, os pacientes experimentam sintomas como diarreia persistente (muitas vezes com sangue), dor abdominal, urgência para evacuar e fadiga.

Felizmente, nas últimas décadas, o tratamento da RCU evoluiu de forma significativa, principalmente com o advento dos medicamentos imunobiológicos.

Essas terapias avançadas, por exemplo o infliximabe, agem de maneira direcionada no sistema imunológico, controlando assim a inflamação.

O infliximabe, especificamente, demonstra alta eficácia para induzir e manter a remissão da RCU, sobretudo em casos moderados a graves que não apresentam resposta adequada aos tratamentos convencionais.

No entanto, apesar de sua comprovada eficácia e aprovação regulatória, muitos pacientes ainda enfrentam uma batalha frustrante para obter o infliximabe pelo plano de saúde.

De fato, negativas baseadas no alto custo ou em limitações do Rol da ANS são comuns, mas, conforme veremos, tais recusas são ilegais e abusivas.

Este guia completo explicará, portanto, em detalhes o que é o infliximabe e por que ele se mostra fundamental no tratamento da retocolite ulcerativa.

Além disso, detalharemos qual a base legal que obriga os planos de saúde a cobri-lo, como superar as negativas e o passo a passo para buscar seus direitos na Justiça, inclusive através de um pedido de liminar.

Entre em contato com o Freitas e Trigueiro, escritório especialista em planos de saúde, e saiba como resolver o seu caso!

Entendendo a Retocolite Ulcerativa (RCU)

A RCU classifica-se como uma doença autoimune.

Isso significa que o próprio sistema imunológico do corpo ataca, por engano, o revestimento do intestino grosso.

Consequentemente, essa agressão causa uma inflamação crônica que leva à formação de feridas (úlceras) e aos sintomas característicos:

  • Diarreia frequente, muitas vezes com muco e/ou sangue.
  • Dor e cólicas abdominais.
  • Urgência retal (necessidade súbita e forte de evacuar).
  • Sangramento retal.
  • Fadiga, perda de peso e febre (em casos mais graves).

Tipicamente, a doença se manifesta em surtos (períodos de atividade com sintomas intensos) intercalados com períodos de remissão (quando os sintomas diminuem ou desaparecem).

Assim sendo, o objetivo do tratamento é controlar a inflamação, induzir e manter a remissão, prevenir complicações (como megacólon tóxico ou câncer colorretal a longo prazo) e, fundamentalmente, melhorar a qualidade de vida do paciente.

Tratamentos Convencionais Para RCU e Suas Limitações

Antes que o médico indique biológicos como o infliximabe, ele geralmente utiliza outras classes de medicamentos:

  • Aminossalicilatos (Ex: Mesalazina): Estes são medicamentos anti-inflamatórios que atuam diretamente na parede intestinal. Eles formam a base do tratamento para casos leves a moderados, mas, em algumas situações, podem não ser suficientes para controlar a doença mais ativa.
  • Corticosteroides (Ex: Prednisona): São anti-inflamatórios potentes, utilizados para controlar surtos agudos da doença. Contudo, seu uso prolongado associa-se a diversos efeitos colaterais indesejados (ganho de peso, osteoporose, diabetes, etc.), além de não serem eficazes para manter a remissão a longo prazo.
  • Imunossupressores (Ex: Azatioprina, 6-Mercaptopurina): Estes fármacos modificam a resposta do sistema imunológico visando reduzir a inflamação. Os médicos os utilizam para manter a remissão e reduzir a dependência de corticoides, porém, podem demorar meses para fazer efeito e exigem monitoramento cuidadoso devido a potenciais efeitos colaterais.

Portanto, quando essas terapias convencionais falham em controlar a doença, o paciente as tolera mal, ou a doença se apresenta como moderada a grave desde o início, os medicamentos imunobiológicos, como o infliximabe, tornam-se a indicação principal.

Infliximabe: Uma Terapia Imunobiológica Alvo Contra a Inflamação

O infliximabe representa um tipo de medicamento imunobiológico, também conhecido como terapia biológica.

Diferentemente dos medicamentos sintéticos tradicionais, os imunobiológicos são proteínas complexas, geralmente anticorpos monoclonais, que os laboratórios produzem a partir de tecnologia de DNA recombinante (engenharia genética).

Eles são projetados, acima de tudo, para atingir alvos muito específicos no sistema imunológico envolvidos na causa de doenças autoimunes e inflamatórias.

O Que São Medicamentos Imunobiológicos e Onde os Médicos os Utilizam?

Os imunobiológicos, sem dúvida, revolucionaram o tratamento de diversas condições em que o sistema imunológico ataca o próprio corpo.

Além da Retocolite Ulcerativa e da Doença de Crohn, os especialistas os empregam amplamente em doenças como:

  • Artrite Reumatoide
  • Espondilite Anquilosante
  • Artrite Psoriásica
  • Psoríase em Placa
  • Lúpus Eritematoso Sistêmico
  • Esclerose Múltipla
  • Uveítes não infecciosas
  • Entre outras.

Como o Infliximabe Funciona na Retocolite Ulcerativa?

O infliximabe pertence a uma classe específica de imunobiológicos: os inibidores do fator de necrose tumoral alfa (TNF-alfa).

O TNF-alfa é uma proteína (citocina) que o sistema imunológico produz e que desempenha um papel central na promoção da inflamação na RCU e em outras doenças autoimunes.

Quando em excesso, o TNF-alfa perpetua o ciclo inflamatório no intestino.

Basicamente, o infliximabe funciona ligando-se especificamente ao TNF-alfa e neutralizando sua ação.

Dessa forma, ao bloquear o TNF-alfa, o infliximabe:

  • Interrompe a cascata inflamatória no intestino.
  • Reduz a inflamação da mucosa intestinal.
  • Permite que o tecido intestinal comece a cicatrizar.

Esse mecanismo de ação direcionado é o que confere alta eficácia ao medicamento no controle da RCU.

Adicionalmente, os médicos o consideram tratamento de primeira escolha para pacientes com doença perianal (fístulas na Doença de Crohn) e uma principal escolha de imunobiológico nos pacientes com colite aguda grave, além de tratar manifestações extraintestinais.

Benefícios Comprovados do Infliximabe na RCU

O tratamento da retocolite ulcerativa com infliximabe traz uma série de benefícios clinicamente comprovados para os pacientes:

  • Rápida Redução dos Sintomas: Muitos pacientes experimentam alívio significativo da diarreia, dor abdominal e sangramento retal já nas primeiras semanas de tratamento.
  • Indução da Remissão Clínica: O medicamento ajuda a controlar a atividade da doença, levando, frequentemente, à remissão (ausência ou melhora significativa dos sintomas).
  • Manutenção da Remissão a Longo Prazo: O uso contínuo auxilia na manutenção do controle da doença, prevenindo, assim, novos surtos.
  • Cicatrização da Mucosa Intestinal: O infliximabe promove a cura das úlceras e da inflamação visível no revestimento do intestino (confirmada por colonoscopia), o que é fundamental para a saúde intestinal a longo prazo.
  • Redução ou Eliminação do Uso de Corticosteroides: Permite que muitos pacientes diminuam ou parem completamente o uso de corticoides, evitando, portanto, seus efeitos colaterais.
  • Diminuição de Hospitalizações: Ao controlar a doença de forma eficaz, o tratamento reduz a necessidade de internações por surtos graves.
  • Prevenção de Colectomia: Ajuda a evitar a necessidade de cirurgia para remover o cólon (colectomia), uma consequência grave da RCU não controlada.
  • Melhora Substancial na Qualidade de Vida: Finalmente, com o controle dos sintomas e da inflamação, os pacientes podem retomar suas atividades diárias, sociais e profissionais.

Quando o Médico Indica Infliximabe? (Posicionamento Terapêutico)

Geralmente, o médico indica o infliximabe para pacientes adultos com retocolite ulcerativa ativa moderada a grave que apresentaram resposta inadequada, perderam resposta ou foram intolerantes a tratamentos convencionais (aminossalicilatos, corticosteroides e/ou imunossupressores).

Igualmente, o medicamento também possui indicação para pacientes pediátricos (acima de 6 anos) com RCU moderada a grave que não responderam à terapia convencional.

Além da RCU, o infliximabe também trata outras condições como Doença de Crohn (adultos e pediátricos), Artrite Reumatoide, Espondilite Anquilosante, Artrite Psoriásica e Psoríase em Placa.

É importante notar que, em algumas situações específicas de RCU muito grave ou com alto risco de complicações, o médico pode considerar o uso do infliximabe como terapia de primeira linha, contudo, sempre com base em avaliação clínica criteriosa e protocolos médicos estabelecidos.

Status Regulatório: Infliximabe tem Registro na Anvisa e Indicação em Bula?

Sim. Este é um ponto crucial para a discussão da cobertura.

O infliximabe:

  • Possui Registro Sanitário Válido na ANVISA: A agência reguladora brasileira avaliou o medicamento quanto à sua qualidade, segurança e eficácia e, consequentemente, autorizou sua comercialização no país.
  • Tem Indicação Específica em Bula para Retocolite Ulcerativa: A bula oficial do infliximabe, aprovada pela ANVISA, inclui explicitamente o tratamento da retocolite ulcerativa em adultos e crianças acima de 6 anos, inclusive detalhando seus objetivos terapêuticos (redução de sintomas, indução/manutenção de remissão, cicatrização da mucosa, etc.).

Esses dois fatores – registro na ANVISA e indicação em bula para a doença em questão – são requisitos fundamentais que, segundo a Lei dos Planos de Saúde, tornam a cobertura do medicamento obrigatória.

O Alto Custo do Infliximabe: Um Obstáculo Real

O infliximabe classifica-se como um medicamento de alto custo.

O preço de um único frasco (geralmente de 100mg para infusão intravenosa) pode variar significativamente, situando-se entre R$ 1.990,00 e R$ 6.789,00.

Essa variação depende da marca, do local de compra, da incidência de ICMS e de outros fatores.

As marcas comerciais mais conhecidas disponíveis no Brasil incluem:

  • Remicade® (medicamento de referência)
  • Remsima® (biossimilar)
  • Avsola® (biossimilar)
  • Xilfya® (biossimilar)

Considerando que a dose é calculada pelo peso do paciente e a aplicação ocorre a cada 8 semanas (após as doses iniciais de indução), o custo mensal do tratamento pode facilmente ultrapassar R$ 10.000,00 ou R$ 20.000,00.

Inegavelmente, isso torna a aquisição particular inviável para a grande maioria dos pacientes brasileiros.

Por isso, a cobertura pelo plano de saúde assume importância vital.

Cobertura Obrigatória: Por Que o Plano de Saúde DEVE Fornecer Infliximabe?

A resposta é inequívoca: Sim, o plano de saúde é obrigado a fornecer o infliximabe para o tratamento da retocolite ulcerativa sempre que houver prescrição médica fundamentada.

A recusa configura prática ilegal e abusiva.

Fundamentos Legais Incontestáveis

A obrigatoriedade da cobertura se baseia em múltiplos pilares legais:

  • Lei dos Planos de Saúde (Lei 9.656/98):
    • Exige a cobertura obrigatória para todas as doenças listadas na Classificação Internacional de Doenças (CID). A Retocolite Ulcerativa possui o CID K51.
    • Estabelece que os planos devem cobrir medicamentos com registro na ANVISA (como o infliximabe) para o tratamento das doenças previstas no contrato.
  • Registro na ANVISA e Indicação em Bula: Como visto, o infliximabe preenche ambos os requisitos para RCU, o que elimina qualquer argumento de ser experimental ou inadequado.
  • Código de Defesa do Consumidor (CDC): Aplica-se aos contratos de planos de saúde. Este código considera nulas as cláusulas contratuais abusivas que restrinjam direitos ou coloquem o consumidor em desvantagem exagerada. Certamente, negar um tratamento essencial e comprovadamente eficaz é uma prática abusiva.
  • Lei 14.454/2022: Esta lei pôs fim à antiga discussão sobre o Rol da ANS ser taxativo ou exemplificativo. Ela confirmou que o Rol é exemplificativo e estabeleceu que, mesmo que um tratamento não conste no Rol (ou figure com diretrizes restritivas), o plano deve cobri-lo se houver comprovação de eficácia baseada em evidências científicas e recomendação médica.

Desvendando as Negativas: Por Que os Planos Recusam o Infliximabe?

Apesar da clareza legal, as operadoras ainda recusam o fornecimento do infliximabe, geralmente usando duas justificativas principais:

  • Alto Custo: É a motivação primária, embora não seja uma justificativa legalmente válida para negar tratamento essencial para doença coberta.
  • Limitações do Rol da ANS (Diretrizes de Utilização – DUT): O Rol da ANS, em suas DUTs, pode estabelecer critérios específicos para a cobertura do infliximabe (e outros biológicos), tais como:
    • Exigência de gravidade específica (ex: atividade moderada a grave, medida por escores como o Mayo Score ≥ 6).
    • Exigência de falha ou intolerância prévia aos tratamentos convencionais (aminossalicilatos, corticoides, imunossupressores).

Por Que Essas Justificativas São Ilegais?

  • Custo: Como já mencionado, o custo não representa critério legal para exclusão de cobertura de tratamento para doença prevista no contrato.
  • Limitações do Rol da ANS: As DUTs do Rol da ANS não podem se sobrepor à lei nem à decisão médica fundamentada. A Lei 14.454/2022 é clara: se o médico, com base científica, indica o tratamento como necessário para aquele paciente (mesmo que ele não se encaixe perfeitamente nos critérios restritivos da DUT), a cobertura é devida. O médico pode, por exemplo, justificar o uso do infliximabe antes da falha de todos os convencionais em um caso de doença rapidamente progressiva ou com alto risco de complicações.

Em suma, a autonomia médica e a necessidade do paciente prevalecem sobre a diretriz administrativa da ANS.

Plano de Saúde Negou o Infliximabe: O Que Fazer? Passo a Passo Para Ação Judicial

Se você recebeu uma negativa formal do plano de saúde para o fornecimento do infliximabe, o caminho mais eficaz para garantir seu direito é a ação judicial com pedido de liminar.

Documentação Essencial Para Ingressar na Justiça:

  1. Relatório Médico Completo e Detalhado: Este é o documento mais importante. Peça ao seu gastroenterologista/coloproctologista um relatório que contenha:
    • Diagnóstico completo de Retocolite Ulcerativa (CID K51).
    • Descrição detalhada do seu quadro clínico atual (sintomas, gravidade, escores como Mayo, se aplicável).
    • Histórico dos tratamentos já realizados e o motivo da falha, perda de resposta ou intolerância.
    • Indicação expressa e justificada do infliximabe, explicando por que ele é necessário e a melhor opção terapêutica para o seu caso naquele momento.
    • Se possível, citar literatura científica ou diretrizes médicas que apoiam a indicação.
    • Declaração da urgência no início ou continuidade do tratamento.
  2. Negativa Formal do Plano de Saúde: O documento escrito onde a operadora recusa a cobertura e informa o motivo.
  3. Documentos Pessoais: RG, CPF, comprovante de residência.
  4. Documentos do Plano: Carteirinha, comprovantes de pagamento das últimas mensalidades (se plano individual/familiar), cópia do contrato (se tiver).

Ação Judicial com Pedido de Liminar

Com os documentos em mãos, procure um advogado especialista em Direito à Saúde.

Ele ingressará com a ação judicial solicitando:

  • Obrigação de Fazer: Que o juiz condene o plano a fornecer o tratamento com infliximabe pelo tempo necessário.
  • Pedido de Tutela de Urgência (Liminar): Uma decisão rápida e provisória do juiz, logo no início do processo, para obrigar o plano a fornecer o medicamento imediatamente, visto que há urgência no caso.

Liminar Para Infliximabe: Acesso Rápido ao Tratamento

A liminar mostra-se crucial em casos de doenças como a RCU, onde a demora no início ou a interrupção do tratamento pode levar à piora do quadro, a surtos graves e, inclusive, a danos irreversíveis ao intestino.

Análise Rápida: Os juízes costumam analisar pedidos de liminar para medicamentos essenciais com prioridade. Assim, com um relatório médico forte e a documentação correta, a decisão pode sair em até 72 horas, às vezes menos.

Eficácia Imediata: Se o juiz conceder a liminar, o plano de saúde é obrigado a cumprir a ordem judicial imediatamente (geralmente em prazo de 24 a 48 horas). Desse modo, o plano fornecerá o medicamento para que você inicie ou continue o tratamento sem interrupção, sob pena de multa diária.

Jurisprudência: A Justiça Confirma o Direito ao Infliximabe?

Sim. Existe uma vasta jurisprudência (conjunto de decisões judiciais) favorável aos pacientes em todo o Brasil. De fato, ela confirma a obrigação dos planos de saúde de cobrir o infliximabe para retocolite ulcerativa, mesmo diante das negativas baseadas no Rol da ANS ou no custo.

Os tribunais, incluindo o TJSP (Tribunal de Justiça de São Paulo), reiteradamente decidem que:

  • A prescrição médica fundamentada é soberana na escolha do tratamento.
  • A negativa baseada em Rol da ANS é abusiva, especialmente após a Lei 14.454/2022.
  • Aplica-se a Súmula 102 do TJSP (“Havendo expressa indicação médica, é abusiva a negativa de cobertura de custeio de tratamento sob o argumento da sua natureza experimental ou por não estar previsto no rol de procedimentos da ANS.”).
  • O direito à saúde e à vida prevalecem sobre cláusulas contratuais restritivas ou questões meramente econômicas da operadora.

Ação Para Fornecimento de Infliximabe é “Causa Ganha”?

Como em qualquer processo judicial, não existe garantia absoluta de “causa ganha”.

No entanto, para casos de infliximabe para RCU com indicação médica clara e documentação adequada, as chances de sucesso são extremamente altas.

Isso se deve à legislação, à jurisprudência consolidada e ao fato de o medicamento possuir registro na ANVISA e indicação em bula para a doença.

Evidentemente, o sucesso dependerá da qualidade do relatório médico, da correta instrução do processo pelo advogado e da análise do juiz, mas o cenário é amplamente favorável ao paciente.

Por isso, é essencial contar com um advogado especialista em Direito à Saúde para maximizar suas chances.

Como Conseguir Infliximabe Pelo SUS?

O acesso ao infliximabe pelo SUS também configura um direito, embora possa exigir um caminho diferente, muitas vezes judicial.

Geralmente, o paciente precisa:

  1. Relatório Médico Detalhado: Justificar a necessidade do infliximabe e atestar a ineficácia ou inadequação dos tratamentos já padronizados no SUS para o caso específico.
  2. Comprovação de Incapacidade Financeira: Demonstrar que não pode custear o tratamento particular.
  3. Pedido Administrativo (Recomendável): Tentar solicitar o medicamento na Secretaria de Saúde e obter a negativa formal.
  4. Ação Judicial: Ingressar com ação contra o Estado/União/Município, com o auxílio de um advogado especialista em SUS ou da Defensoria Pública, comprovando os requisitos acima (baseados no Tema 106 do STJ para medicamentos não incorporados).

Encontrando o Advogado Especialista Para o Seu Caso

Buscar um advogado com experiência específica em ações contra planos de saúde para fornecimento de medicamentos biológicos é fundamental.

Esse profissional:

  • Conhece os argumentos jurídicos mais eficazes.
  • Sabe como lidar com as negativas e as defesas das operadoras.
  • Tem experiência na obtenção de liminares urgentes.
  • Pode orientar sobre a elaboração do relatório médico.

Você pode usar a internet, indicações ou a OAB para encontrar advogados com foco em Direito à Saúde.

Além disso, lembre-se que o processo eletrônico permite contratar um especialista de qualquer localidade.

Conclusão: Seu Direito ao Tratamento Eficaz da Retocolite Ulcerativa

A retocolite ulcerativa exige tratamento contínuo e eficaz para controle dos sintomas, prevenção de complicações e manutenção da qualidade de vida.

Nesse sentido, o infliximabe representa uma ferramenta terapêutica poderosa e comprovada para atingir esses objetivos.

Sim, o plano de saúde é obrigado a fornecer o infliximabe quando há prescrição médica fundamentada para RCU.

Negativas baseadas em custo ou em limitações do Rol da ANS são ilegais e podem (e devem) ser contestadas.

Portanto, se você está enfrentando dificuldades para obter a cobertura:

  • Conheça seus direitos.
  • Obtenha um relatório médico detalhado e assertivo.
  • Procure um advogado especialista em Direito à Saúde.

A via judicial, especialmente através de uma liminar, é um caminho eficaz para garantir o acesso rápido e contínuo ao tratamento com infliximabe. Assim, você poderá focar no mais importante: sua saúde e bem-estar.

Fale agora com o Freitas e Trigueiro e entenda como garantir seus direitos por meio de uma equipe especializada e pronta para oferecer o melhor suporte jurídico.

Perguntas Frequentes (FAQ) – Infliximabe, RCU e Cobertura

1. Para quais doenças o infliximabe é indicado?

O infliximabe trata diversas doenças autoimunes e inflamatórias. Por exemplo, Retocolite Ulcerativa (adultos e pediátricos > 6 anos), Doença de Crohn (adultos e pediátricos > 6 anos), Artrite Reumatoide, Espondilite Anquilosante, Artrite Psoriásica e Psoríase em Placa.

2. O infliximabe é um imunobiológico?

Sim. O infliximabe é um medicamento imunobiológico (ou “biológico”). Mais especificamente, pertence à classe dos inibidores de TNF-alfa e representa uma terapia direcionada ao sistema imunológico.

3. Quanto tempo o infliximabe demora para fazer efeito na Retocolite Ulcerativa?

A resposta varia entre pacientes. No entanto, muitos começam a sentir melhora dos sintomas já nas primeiras semanas após o início das doses de indução. Normalmente, os médicos avaliam uma resposta clínica mais consolidada dentro das primeiras 12 semanas de tratamento.

4. Quanto custa o tratamento com infliximabe?

O custo é, sem dúvida, elevado. Cada frasco de 100mg para infusão pode custar entre R$ 1.990,00 e R$ 6.789,00, variando conforme a marca (Remicade®, Remsima®, etc.) e outros fatores. Dessa forma, o custo mensal pode ultrapassar R$ 20.000,00, dependendo da dose e frequência.

5. O infliximabe está no Rol da ANS para Retocolite Ulcerativa?

Sim, porém com Diretrizes de Utilização (DUTs) que estabelecem alguns critérios (ex: gravidade moderada a grave, falha em terapia convencional). Contudo, essas diretrizes não podem impedir a cobertura se o médico justificar, com base científica, a necessidade do tratamento para o paciente específico, mesmo fora desses critérios, conforme garante a Lei 14.454/22.

6. Preciso usar todos os outros remédios antes do infliximabe?

Não necessariamente “todos”. Embora seja comum utilizar após falha dos convencionais, o médico pode indicar o infliximabe mais precocemente em casos de doença agressiva ou com fatores de mau prognóstico. Nesse caso, ele deve justificar detalhadamente essa escolha no relatório. A decisão é sempre clínica.

7. A Justiça costuma dar liminar para infliximabe rapidamente?

Sim. Com um relatório médico forte e a demonstração da urgência, a Justiça geralmente concede liminares para infliximabe e outros biológicos essenciais de forma bem rápida, frequentemente em até 72 horas.

8. Posso pedir reembolso se comprei o infliximabe por causa da negativa do plano?

Sim. Se a negativa do plano foi indevida e você precisou comprar o medicamento para não interromper um tratamento urgente, pode pedir o reembolso integral na Justiça. Além disso, pode solicitar que o plano forneça as doses futuras. Guarde todas as notas fiscais.

9. Biossimilares (Remsima®, Avsola®, Xilfya®) têm a mesma cobertura que o Remicade®?

Sim. A ANVISA aprova os biossimilares como seguros e eficazes, comparáveis ao medicamento de referência (Remicade®). Portanto, a obrigação de cobertura do plano é a mesma, seja para o Remicade® ou para seus biossimilares, conforme a prescrição médica.

10. Quais os principais benefícios do tratamento com Infliximabe?

Os benefícios incluem: redução da inflamação e dos sintomas da RCU, melhora significativa da qualidade de vida, indução e manutenção da remissão, diminuição da necessidade de outros medicamentos (como corticoides) e prevenção de complicações graves, como a colectomia.

11. Quais os possíveis efeitos colaterais do Infliximabe?

Os efeitos colaterais mais comuns podem incluir infecções (respiratórias, urinárias), reações alérgicas (durante ou após a infusão), dores de cabeça, náuseas e fadiga. É importante ressaltar que cada pessoa reage de forma diferente, e o acompanhamento médico é essencial para monitorar e manejar qualquer efeito adverso.

12. Quem não pode usar o Infliximabe?

O medicamento não é indicado para todos. Por exemplo, pessoas com infecções ativas graves (como tuberculose), alergia conhecida ao infliximabe ou a componentes da fórmula, ou insuficiência cardíaca moderada a grave geralmente não devem utilizar o medicamento. Sempre converse com seu médico para uma avaliação individualizada dos riscos e benefícios.

13. Como o Infliximabe é administrado?

Normalmente, a administração ocorre por infusão intravenosa (aplicação na veia), realizada em ambiente hospitalar ou clínica especializada. A frequência e a duração da infusão variam conforme o protocolo médico e a resposta individual.

14. O Infliximabe é seguro durante a gravidez?

O uso de infliximabe pode ser considerado durante a gravidez, especialmente se o controle da doença da mãe for essencial. Contudo, essa é uma decisão complexa que exige uma discussão aprofundada entre a paciente, o gastroenterologista e o obstetra para avaliar cuidadosamente os riscos e benefícios em cada caso.

ARTIGOS RELACIONADOS