Introdução
A retocolite ulcerativa (RCU), frequentemente chamada de colite ulcerativa, é uma doença inflamatória intestinal crônica que, infelizmente, pode impactar severamente a qualidade de vida dos pacientes.
Essa condição se caracteriza por inflamação e úlceras no revestimento do intestino grosso (cólon e reto); como resultado, os pacientes experimentam sintomas como diarreia persistente (muitas vezes com sangue), dor abdominal, urgência para evacuar e fadiga.
Felizmente, nas últimas décadas, o tratamento da RCU evoluiu de forma significativa, principalmente com o advento dos medicamentos imunobiológicos.
Essas terapias avançadas, por exemplo o infliximabe, agem de maneira direcionada no sistema imunológico, controlando assim a inflamação.
O infliximabe, especificamente, demonstra alta eficácia para induzir e manter a remissão da RCU, sobretudo em casos moderados a graves que não apresentam resposta adequada aos tratamentos convencionais.
No entanto, apesar de sua comprovada eficácia e aprovação regulatória, muitos pacientes ainda enfrentam uma batalha frustrante para obter o infliximabe pelo plano de saúde.
De fato, negativas baseadas no alto custo ou em limitações do Rol da ANS são comuns, mas, conforme veremos, tais recusas são ilegais e abusivas.
Este guia completo explicará, portanto, em detalhes o que é o infliximabe e por que ele se mostra fundamental no tratamento da retocolite ulcerativa.
Além disso, detalharemos qual a base legal que obriga os planos de saúde a cobri-lo, como superar as negativas e o passo a passo para buscar seus direitos na Justiça, inclusive através de um pedido de liminar.
Entendendo a Retocolite Ulcerativa (RCU)
A RCU classifica-se como uma doença autoimune.
Isso significa que o próprio sistema imunológico do corpo ataca, por engano, o revestimento do intestino grosso.
Consequentemente, essa agressão causa uma inflamação crônica que leva à formação de feridas (úlceras) e aos sintomas característicos:
- Diarreia frequente, muitas vezes com muco e/ou sangue.
- Dor e cólicas abdominais.
- Urgência retal (necessidade súbita e forte de evacuar).
- Sangramento retal.
- Fadiga, perda de peso e febre (em casos mais graves).
Tipicamente, a doença se manifesta em surtos (períodos de atividade com sintomas intensos) intercalados com períodos de remissão (quando os sintomas diminuem ou desaparecem).
Assim sendo, o objetivo do tratamento é controlar a inflamação, induzir e manter a remissão, prevenir complicações (como megacólon tóxico ou câncer colorretal a longo prazo) e, fundamentalmente, melhorar a qualidade de vida do paciente.
Tratamentos Convencionais Para RCU e Suas Limitações
Antes que o médico indique biológicos como o infliximabe, ele geralmente utiliza outras classes de medicamentos:
- Aminossalicilatos (Ex: Mesalazina): Estes são medicamentos anti-inflamatórios que atuam diretamente na parede intestinal. Eles formam a base do tratamento para casos leves a moderados, mas, em algumas situações, podem não ser suficientes para controlar a doença mais ativa.
- Corticosteroides (Ex: Prednisona): São anti-inflamatórios potentes, utilizados para controlar surtos agudos da doença. Contudo, seu uso prolongado associa-se a diversos efeitos colaterais indesejados (ganho de peso, osteoporose, diabetes, etc.), além de não serem eficazes para manter a remissão a longo prazo.
- Imunossupressores (Ex: Azatioprina, 6-Mercaptopurina): Estes fármacos modificam a resposta do sistema imunológico visando reduzir a inflamação. Os médicos os utilizam para manter a remissão e reduzir a dependência de corticoides, porém, podem demorar meses para fazer efeito e exigem monitoramento cuidadoso devido a potenciais efeitos colaterais.
Portanto, quando essas terapias convencionais falham em controlar a doença, o paciente as tolera mal, ou a doença se apresenta como moderada a grave desde o início, os medicamentos imunobiológicos, como o infliximabe, tornam-se a indicação principal.
Infliximabe: Uma Terapia Imunobiológica Alvo Contra a Inflamação
O infliximabe representa um tipo de medicamento imunobiológico, também conhecido como terapia biológica.
Diferentemente dos medicamentos sintéticos tradicionais, os imunobiológicos são proteínas complexas, geralmente anticorpos monoclonais, que os laboratórios produzem a partir de tecnologia de DNA recombinante (engenharia genética).
Eles são projetados, acima de tudo, para atingir alvos muito específicos no sistema imunológico envolvidos na causa de doenças autoimunes e inflamatórias.
O Que São Medicamentos Imunobiológicos e Onde os Médicos os Utilizam?
Os imunobiológicos, sem dúvida, revolucionaram o tratamento de diversas condições em que o sistema imunológico ataca o próprio corpo.
Além da Retocolite Ulcerativa e da Doença de Crohn, os especialistas os empregam amplamente em doenças como:
- Artrite Reumatoide
- Espondilite Anquilosante
- Artrite Psoriásica
- Psoríase em Placa
- Lúpus Eritematoso Sistêmico
- Esclerose Múltipla
- Uveítes não infecciosas
- Entre outras.
Como o Infliximabe Funciona na Retocolite Ulcerativa?
O infliximabe pertence a uma classe específica de imunobiológicos: os inibidores do fator de necrose tumoral alfa (TNF-alfa).
O TNF-alfa é uma proteína (citocina) que o sistema imunológico produz e que desempenha um papel central na promoção da inflamação na RCU e em outras doenças autoimunes.
Quando em excesso, o TNF-alfa perpetua o ciclo inflamatório no intestino.
Basicamente, o infliximabe funciona ligando-se especificamente ao TNF-alfa e neutralizando sua ação.
Dessa forma, ao bloquear o TNF-alfa, o infliximabe:
- Interrompe a cascata inflamatória no intestino.
- Reduz a inflamação da mucosa intestinal.
- Permite que o tecido intestinal comece a cicatrizar.
Esse mecanismo de ação direcionado é o que confere alta eficácia ao medicamento no controle da RCU.
Adicionalmente, os médicos o consideram tratamento de primeira escolha para pacientes com doença perianal (fístulas na Doença de Crohn) e uma principal escolha de imunobiológico nos pacientes com colite aguda grave, além de tratar manifestações extraintestinais.
Benefícios Comprovados do Infliximabe na RCU
O tratamento da retocolite ulcerativa com infliximabe traz uma série de benefícios clinicamente comprovados para os pacientes:
- Rápida Redução dos Sintomas: Muitos pacientes experimentam alívio significativo da diarreia, dor abdominal e sangramento retal já nas primeiras semanas de tratamento.
- Indução da Remissão Clínica: O medicamento ajuda a controlar a atividade da doença, levando, frequentemente, à remissão (ausência ou melhora significativa dos sintomas).
- Manutenção da Remissão a Longo Prazo: O uso contínuo auxilia na manutenção do controle da doença, prevenindo, assim, novos surtos.
- Cicatrização da Mucosa Intestinal: O infliximabe promove a cura das úlceras e da inflamação visível no revestimento do intestino (confirmada por colonoscopia), o que é fundamental para a saúde intestinal a longo prazo.
- Redução ou Eliminação do Uso de Corticosteroides: Permite que muitos pacientes diminuam ou parem completamente o uso de corticoides, evitando, portanto, seus efeitos colaterais.
- Diminuição de Hospitalizações: Ao controlar a doença de forma eficaz, o tratamento reduz a necessidade de internações por surtos graves.
- Prevenção de Colectomia: Ajuda a evitar a necessidade de cirurgia para remover o cólon (colectomia), uma consequência grave da RCU não controlada.
- Melhora Substancial na Qualidade de Vida: Finalmente, com o controle dos sintomas e da inflamação, os pacientes podem retomar suas atividades diárias, sociais e profissionais.
Quando o Médico Indica Infliximabe? (Posicionamento Terapêutico)
Geralmente, o médico indica o infliximabe para pacientes adultos com retocolite ulcerativa ativa moderada a grave que apresentaram resposta inadequada, perderam resposta ou foram intolerantes a tratamentos convencionais (aminossalicilatos, corticosteroides e/ou imunossupressores).
Igualmente, o medicamento também possui indicação para pacientes pediátricos (acima de 6 anos) com RCU moderada a grave que não responderam à terapia convencional.
Além da RCU, o infliximabe também trata outras condições como Doença de Crohn (adultos e pediátricos), Artrite Reumatoide, Espondilite Anquilosante, Artrite Psoriásica e Psoríase em Placa.
É importante notar que, em algumas situações específicas de RCU muito grave ou com alto risco de complicações, o médico pode considerar o uso do infliximabe como terapia de primeira linha, contudo, sempre com base em avaliação clínica criteriosa e protocolos médicos estabelecidos.
Status Regulatório: Infliximabe tem Registro na Anvisa e Indicação em Bula?
Sim. Este é um ponto crucial para a discussão da cobertura.
O infliximabe:
- Possui Registro Sanitário Válido na ANVISA: A agência reguladora brasileira avaliou o medicamento quanto à sua qualidade, segurança e eficácia e, consequentemente, autorizou sua comercialização no país.
- Tem Indicação Específica em Bula para Retocolite Ulcerativa: A bula oficial do infliximabe, aprovada pela ANVISA, inclui explicitamente o tratamento da retocolite ulcerativa em adultos e crianças acima de 6 anos, inclusive detalhando seus objetivos terapêuticos (redução de sintomas, indução/manutenção de remissão, cicatrização da mucosa, etc.).
Esses dois fatores – registro na ANVISA e indicação em bula para a doença em questão – são requisitos fundamentais que, segundo a Lei dos Planos de Saúde, tornam a cobertura do medicamento obrigatória.
O Alto Custo do Infliximabe: Um Obstáculo Real
O infliximabe classifica-se como um medicamento de alto custo.
O preço de um único frasco (geralmente de 100mg para infusão intravenosa) pode variar significativamente, situando-se entre R$ 1.990,00 e R$ 6.789,00.
Essa variação depende da marca, do local de compra, da incidência de ICMS e de outros fatores.
As marcas comerciais mais conhecidas disponíveis no Brasil incluem:
- Remicade® (medicamento de referência)
- Remsima® (biossimilar)
- Avsola® (biossimilar)
- Xilfya® (biossimilar)
Considerando que a dose é calculada pelo peso do paciente e a aplicação ocorre a cada 8 semanas (após as doses iniciais de indução), o custo mensal do tratamento pode facilmente ultrapassar R$ 10.000,00 ou R$ 20.000,00.
Inegavelmente, isso torna a aquisição particular inviável para a grande maioria dos pacientes brasileiros.
Por isso, a cobertura pelo plano de saúde assume importância vital.
Cobertura Obrigatória: Por Que o Plano de Saúde DEVE Fornecer Infliximabe?
A resposta é inequívoca: Sim, o plano de saúde é obrigado a fornecer o infliximabe para o tratamento da retocolite ulcerativa sempre que houver prescrição médica fundamentada.
A recusa configura prática ilegal e abusiva.
Fundamentos Legais Incontestáveis
A obrigatoriedade da cobertura se baseia em múltiplos pilares legais:
- Lei dos Planos de Saúde (Lei 9.656/98):
- Exige a cobertura obrigatória para todas as doenças listadas na Classificação Internacional de Doenças (CID). A Retocolite Ulcerativa possui o CID K51.
- Estabelece que os planos devem cobrir medicamentos com registro na ANVISA (como o infliximabe) para o tratamento das doenças previstas no contrato.
- Registro na ANVISA e Indicação em Bula: Como visto, o infliximabe preenche ambos os requisitos para RCU, o que elimina qualquer argumento de ser experimental ou inadequado.
- Código de Defesa do Consumidor (CDC): Aplica-se aos contratos de planos de saúde. Este código considera nulas as cláusulas contratuais abusivas que restrinjam direitos ou coloquem o consumidor em desvantagem exagerada. Certamente, negar um tratamento essencial e comprovadamente eficaz é uma prática abusiva.
- Lei 14.454/2022: Esta lei pôs fim à antiga discussão sobre o Rol da ANS ser taxativo ou exemplificativo. Ela confirmou que o Rol é exemplificativo e estabeleceu que, mesmo que um tratamento não conste no Rol (ou figure com diretrizes restritivas), o plano deve cobri-lo se houver comprovação de eficácia baseada em evidências científicas e recomendação médica.
Desvendando as Negativas: Por Que os Planos Recusam o Infliximabe?
Apesar da clareza legal, as operadoras ainda recusam o fornecimento do infliximabe, geralmente usando duas justificativas principais:
- Alto Custo: É a motivação primária, embora não seja uma justificativa legalmente válida para negar tratamento essencial para doença coberta.
- Limitações do Rol da ANS (Diretrizes de Utilização – DUT): O Rol da ANS, em suas DUTs, pode estabelecer critérios específicos para a cobertura do infliximabe (e outros biológicos), tais como:
- Exigência de gravidade específica (ex: atividade moderada a grave, medida por escores como o Mayo Score ≥ 6).
- Exigência de falha ou intolerância prévia aos tratamentos convencionais (aminossalicilatos, corticoides, imunossupressores).
Por Que Essas Justificativas São Ilegais?
- Custo: Como já mencionado, o custo não representa critério legal para exclusão de cobertura de tratamento para doença prevista no contrato.
- Limitações do Rol da ANS: As DUTs do Rol da ANS não podem se sobrepor à lei nem à decisão médica fundamentada. A Lei 14.454/2022 é clara: se o médico, com base científica, indica o tratamento como necessário para aquele paciente (mesmo que ele não se encaixe perfeitamente nos critérios restritivos da DUT), a cobertura é devida. O médico pode, por exemplo, justificar o uso do infliximabe antes da falha de todos os convencionais em um caso de doença rapidamente progressiva ou com alto risco de complicações.
Em suma, a autonomia médica e a necessidade do paciente prevalecem sobre a diretriz administrativa da ANS.
Plano de Saúde Negou o Infliximabe: O Que Fazer? Passo a Passo Para Ação Judicial
Se você recebeu uma negativa formal do plano de saúde para o fornecimento do infliximabe, o caminho mais eficaz para garantir seu direito é a ação judicial com pedido de liminar.
Documentação Essencial Para Ingressar na Justiça:
- Relatório Médico Completo e Detalhado: Este é o documento mais importante. Peça ao seu gastroenterologista/coloproctologista um relatório que contenha:
- Diagnóstico completo de Retocolite Ulcerativa (CID K51).
- Descrição detalhada do seu quadro clínico atual (sintomas, gravidade, escores como Mayo, se aplicável).
- Histórico dos tratamentos já realizados e o motivo da falha, perda de resposta ou intolerância.
- Indicação expressa e justificada do infliximabe, explicando por que ele é necessário e a melhor opção terapêutica para o seu caso naquele momento.
- Se possível, citar literatura científica ou diretrizes médicas que apoiam a indicação.
- Declaração da urgência no início ou continuidade do tratamento.
- Negativa Formal do Plano de Saúde: O documento escrito onde a operadora recusa a cobertura e informa o motivo.
- Documentos Pessoais: RG, CPF, comprovante de residência.
- Documentos do Plano: Carteirinha, comprovantes de pagamento das últimas mensalidades (se plano individual/familiar), cópia do contrato (se tiver).
Ação Judicial com Pedido de Liminar
Com os documentos em mãos, procure um advogado especialista em Direito à Saúde.
Ele ingressará com a ação judicial solicitando:
- Obrigação de Fazer: Que o juiz condene o plano a fornecer o tratamento com infliximabe pelo tempo necessário.
- Pedido de Tutela de Urgência (Liminar): Uma decisão rápida e provisória do juiz, logo no início do processo, para obrigar o plano a fornecer o medicamento imediatamente, visto que há urgência no caso.
Liminar Para Infliximabe: Acesso Rápido ao Tratamento
A liminar mostra-se crucial em casos de doenças como a RCU, onde a demora no início ou a interrupção do tratamento pode levar à piora do quadro, a surtos graves e, inclusive, a danos irreversíveis ao intestino.
Análise Rápida: Os juízes costumam analisar pedidos de liminar para medicamentos essenciais com prioridade. Assim, com um relatório médico forte e a documentação correta, a decisão pode sair em até 72 horas, às vezes menos.
Eficácia Imediata: Se o juiz conceder a liminar, o plano de saúde é obrigado a cumprir a ordem judicial imediatamente (geralmente em prazo de 24 a 48 horas). Desse modo, o plano fornecerá o medicamento para que você inicie ou continue o tratamento sem interrupção, sob pena de multa diária.
Jurisprudência: A Justiça Confirma o Direito ao Infliximabe?
Sim. Existe uma vasta jurisprudência (conjunto de decisões judiciais) favorável aos pacientes em todo o Brasil. De fato, ela confirma a obrigação dos planos de saúde de cobrir o infliximabe para retocolite ulcerativa, mesmo diante das negativas baseadas no Rol da ANS ou no custo.
Os tribunais, incluindo o TJSP (Tribunal de Justiça de São Paulo), reiteradamente decidem que:
- A prescrição médica fundamentada é soberana na escolha do tratamento.
- A negativa baseada em Rol da ANS é abusiva, especialmente após a Lei 14.454/2022.
- Aplica-se a Súmula 102 do TJSP (“Havendo expressa indicação médica, é abusiva a negativa de cobertura de custeio de tratamento sob o argumento da sua natureza experimental ou por não estar previsto no rol de procedimentos da ANS.”).
- O direito à saúde e à vida prevalecem sobre cláusulas contratuais restritivas ou questões meramente econômicas da operadora.
Ação Para Fornecimento de Infliximabe é “Causa Ganha”?
Como em qualquer processo judicial, não existe garantia absoluta de “causa ganha”.
No entanto, para casos de infliximabe para RCU com indicação médica clara e documentação adequada, as chances de sucesso são extremamente altas.
Isso se deve à legislação, à jurisprudência consolidada e ao fato de o medicamento possuir registro na ANVISA e indicação em bula para a doença.
Evidentemente, o sucesso dependerá da qualidade do relatório médico, da correta instrução do processo pelo advogado e da análise do juiz, mas o cenário é amplamente favorável ao paciente.
Por isso, é essencial contar com um advogado especialista em Direito à Saúde para maximizar suas chances.
Como Conseguir Infliximabe Pelo SUS?
O acesso ao infliximabe pelo SUS também configura um direito, embora possa exigir um caminho diferente, muitas vezes judicial.
Geralmente, o paciente precisa:
- Relatório Médico Detalhado: Justificar a necessidade do infliximabe e atestar a ineficácia ou inadequação dos tratamentos já padronizados no SUS para o caso específico.
- Comprovação de Incapacidade Financeira: Demonstrar que não pode custear o tratamento particular.
- Pedido Administrativo (Recomendável): Tentar solicitar o medicamento na Secretaria de Saúde e obter a negativa formal.
- Ação Judicial: Ingressar com ação contra o Estado/União/Município, com o auxílio de um advogado especialista em SUS ou da Defensoria Pública, comprovando os requisitos acima (baseados no Tema 106 do STJ para medicamentos não incorporados).
Encontrando o Advogado Especialista Para o Seu Caso
Buscar um advogado com experiência específica em ações contra planos de saúde para fornecimento de medicamentos biológicos é fundamental.
Esse profissional:
- Conhece os argumentos jurídicos mais eficazes.
- Sabe como lidar com as negativas e as defesas das operadoras.
- Tem experiência na obtenção de liminares urgentes.
- Pode orientar sobre a elaboração do relatório médico.
Você pode usar a internet, indicações ou a OAB para encontrar advogados com foco em Direito à Saúde.
Além disso, lembre-se que o processo eletrônico permite contratar um especialista de qualquer localidade.
Conclusão: Seu Direito ao Tratamento Eficaz da Retocolite Ulcerativa
A retocolite ulcerativa exige tratamento contínuo e eficaz para controle dos sintomas, prevenção de complicações e manutenção da qualidade de vida.
Nesse sentido, o infliximabe representa uma ferramenta terapêutica poderosa e comprovada para atingir esses objetivos.
Sim, o plano de saúde é obrigado a fornecer o infliximabe quando há prescrição médica fundamentada para RCU.
Negativas baseadas em custo ou em limitações do Rol da ANS são ilegais e podem (e devem) ser contestadas.
Portanto, se você está enfrentando dificuldades para obter a cobertura:
- Conheça seus direitos.
- Obtenha um relatório médico detalhado e assertivo.
- Procure um advogado especialista em Direito à Saúde.
A via judicial, especialmente através de uma liminar, é um caminho eficaz para garantir o acesso rápido e contínuo ao tratamento com infliximabe. Assim, você poderá focar no mais importante: sua saúde e bem-estar.
Perguntas Frequentes (FAQ) – Infliximabe, RCU e Cobertura
1. Para quais doenças o infliximabe é indicado?
O infliximabe trata diversas doenças autoimunes e inflamatórias. Por exemplo, Retocolite Ulcerativa (adultos e pediátricos > 6 anos), Doença de Crohn (adultos e pediátricos > 6 anos), Artrite Reumatoide, Espondilite Anquilosante, Artrite Psoriásica e Psoríase em Placa.
2. O infliximabe é um imunobiológico?
Sim. O infliximabe é um medicamento imunobiológico (ou “biológico”). Mais especificamente, pertence à classe dos inibidores de TNF-alfa e representa uma terapia direcionada ao sistema imunológico.
3. Quanto tempo o infliximabe demora para fazer efeito na Retocolite Ulcerativa?
A resposta varia entre pacientes. No entanto, muitos começam a sentir melhora dos sintomas já nas primeiras semanas após o início das doses de indução. Normalmente, os médicos avaliam uma resposta clínica mais consolidada dentro das primeiras 12 semanas de tratamento.
4. Quanto custa o tratamento com infliximabe?
O custo é, sem dúvida, elevado. Cada frasco de 100mg para infusão pode custar entre R$ 1.990,00 e R$ 6.789,00, variando conforme a marca (Remicade®, Remsima®, etc.) e outros fatores. Dessa forma, o custo mensal pode ultrapassar R$ 20.000,00, dependendo da dose e frequência.
5. O infliximabe está no Rol da ANS para Retocolite Ulcerativa?
Sim, porém com Diretrizes de Utilização (DUTs) que estabelecem alguns critérios (ex: gravidade moderada a grave, falha em terapia convencional). Contudo, essas diretrizes não podem impedir a cobertura se o médico justificar, com base científica, a necessidade do tratamento para o paciente específico, mesmo fora desses critérios, conforme garante a Lei 14.454/22.
6. Preciso usar todos os outros remédios antes do infliximabe?
Não necessariamente “todos”. Embora seja comum utilizar após falha dos convencionais, o médico pode indicar o infliximabe mais precocemente em casos de doença agressiva ou com fatores de mau prognóstico. Nesse caso, ele deve justificar detalhadamente essa escolha no relatório. A decisão é sempre clínica.
7. A Justiça costuma dar liminar para infliximabe rapidamente?
Sim. Com um relatório médico forte e a demonstração da urgência, a Justiça geralmente concede liminares para infliximabe e outros biológicos essenciais de forma bem rápida, frequentemente em até 72 horas.
8. Posso pedir reembolso se comprei o infliximabe por causa da negativa do plano?
Sim. Se a negativa do plano foi indevida e você precisou comprar o medicamento para não interromper um tratamento urgente, pode pedir o reembolso integral na Justiça. Além disso, pode solicitar que o plano forneça as doses futuras. Guarde todas as notas fiscais.
9. Biossimilares (Remsima®, Avsola®, Xilfya®) têm a mesma cobertura que o Remicade®?
Sim. A ANVISA aprova os biossimilares como seguros e eficazes, comparáveis ao medicamento de referência (Remicade®). Portanto, a obrigação de cobertura do plano é a mesma, seja para o Remicade® ou para seus biossimilares, conforme a prescrição médica.
10. Quais os principais benefícios do tratamento com Infliximabe?
Os benefícios incluem: redução da inflamação e dos sintomas da RCU, melhora significativa da qualidade de vida, indução e manutenção da remissão, diminuição da necessidade de outros medicamentos (como corticoides) e prevenção de complicações graves, como a colectomia.
11. Quais os possíveis efeitos colaterais do Infliximabe?
Os efeitos colaterais mais comuns podem incluir infecções (respiratórias, urinárias), reações alérgicas (durante ou após a infusão), dores de cabeça, náuseas e fadiga. É importante ressaltar que cada pessoa reage de forma diferente, e o acompanhamento médico é essencial para monitorar e manejar qualquer efeito adverso.
12. Quem não pode usar o Infliximabe?
O medicamento não é indicado para todos. Por exemplo, pessoas com infecções ativas graves (como tuberculose), alergia conhecida ao infliximabe ou a componentes da fórmula, ou insuficiência cardíaca moderada a grave geralmente não devem utilizar o medicamento. Sempre converse com seu médico para uma avaliação individualizada dos riscos e benefícios.
13. Como o Infliximabe é administrado?
Normalmente, a administração ocorre por infusão intravenosa (aplicação na veia), realizada em ambiente hospitalar ou clínica especializada. A frequência e a duração da infusão variam conforme o protocolo médico e a resposta individual.
14. O Infliximabe é seguro durante a gravidez?
O uso de infliximabe pode ser considerado durante a gravidez, especialmente se o controle da doença da mãe for essencial. Contudo, essa é uma decisão complexa que exige uma discussão aprofundada entre a paciente, o gastroenterologista e o obstetra para avaliar cuidadosamente os riscos e benefícios em cada caso.